sábado, 25 de abril de 2009

Meu Primeiro embarque

Minha primeira experiência em embarque foi há 21 anos em um antigo rebocador chamado Salgueiro da empresa Norsul, na época era um rebocador considerado de médio porte, hoje sem dúvidas ele seria considerado pequeno. Eu estava na função de técnico em eletrônica, e por isso era responsável pela operação de equipamentos de batimetria e sísmica rasa assim como a manutenção dos mesmos.

Na realidade o embarque mencionado acima foi sem dúvidas o primeiro, mas ao longo destes 21 anos, com todas as mudanças no regime de embarque, antes era 15 por 7 e hoje 15 por 15, na postura que as autoridades tiveram em relação a segurança e muitas coisas, eu chamaria de embarque zero (0) pois não pode ser considerado.
Meu primeiro embarque de verdade foi agora, dia 15 deste mês quarta-feira lá em Vitória (ES), foi a primeira vez que voei em um helicóptero, um modelo BELL 212 operado pela Lider Táxi aéreo, antigo mas considerados por muitos como o mais seguro, apesar de chover dentro no caso de uma chuva forte.



Pousamos no navio sonda SC Lancer NS-09 da empresa brasileira Schain Petróleo depois de um voo nervoso para mim e com certeza para todos pois o tempo estava encoberto e chovia um pouco, motivo pelo qual o mesmo voo foi cancelado no dia anterior.

Ao chegar fomos recepcionados pelo Engenheiro de segurança Sr.Joventino que após o briefing de segurança nos mostrou um pouco do navio e das instalações a bordo, com as regras eu me vi na primeira saia-justa, explico melhor, uma das regras no NS-09 é a proibição de se locomover no casario (local onde se encontram os camarotes , banheiro, refeitório) usando botas e/ou macacão sujos, eu deveria ter comprado um chinelo, poderia ser havaianas é claro, mas alguém tinha me dito anteriormente que não poderia ser um chinelo qualquer pois o mesmo teria que possuir um prendedor no calcanhar, ou seja, deveria ser um chinelo modelo Papete, por isso não levei os que possuía pois são modelos normais. Achei que no Aeroporto seria fácil encontrar um par, ledo engano, este tipo de calçado não é assim tão fácil de comprar, pelo menos pra mim não foi.

E agora como faço... Pensei... As vezes nada como o "nada" é a melhor solução, por isso só tornei público o meu esquecimento e aguardei... Logo o Vinicius, operador de ROV Junior se prontificou a me ajudar pois existia um par reserva no camarote dele, sim é isso mesmo tive foi muita sorte, mas aprendi que cada ambiente possui seu próprio conjunto de regras, muitas vezes completamente diferente das demais, como por exemplo nessa regra do chinelo, pois não obriga um modelo de sandália tipo "papete", você pode usar uma comum mesmo.

Bem, já conhecedor das regras, fomos deixar nossas coisas no camarote e almoçar, nosso camarote era o de numero 51 em frente a banheiro de nível inferior, alias banheiro esse que merece um capitulo à parte. Como já era meio-dia fomos almoçar, lá conheci os supervisores de ROV Djalma e Marcelo, e outro operador chamado Marcelo, após o almoço foram definidos os turnos, eu o Marcio e o Djalma ficamos no turno da noite, ou seja, de 18:00 até as 6:00 do dia seguinte e o outro grupo pegava das 6:00 até a meia-noite. Estes turnos possuem uma explicação simples, o nosso grupo original (eu, Djalma, e o Marcio) aquele que embarcou juntos formavam uma equipe extra, esse tipo de equipe é requisitada pelos responsáveis pelas operações tendo em vista a carga demandada pelas mesmas, como era um inicio de perfuração de poço, que leva um tempo maior, nossa equipe foi elaborada e enviada para a sonda.

Meu primeiro dia de trabalho foi o dia seguinte ao almoço, coloquei todo o EPI (Equipamento de proteção individual), botas, macacão, luvas, capacete, protetor auricular, e os óculos e fui para o batente. Não sei se todos sabem mas sou Analista de Sistemas, especializado em suporte e também sou técnico em eletrônica, alias é por essa última formação que estou trabalhando como piloto trainee de ROV, bem por que estou mencionado isso ? É só para deixar claro que operar um guincho de 3 metros de comprimento por 2 de largura e pesando sei lá quantas toneladas através de alavancas mecânicas é algo muito novo pra mim, na época em que trabalhava como analista, os objetos mais pesados eram o mouse, o teclado e o monitor, nessa ocasião tudo era muito cerebral eu só pensava e executava nada mais do que isso.

Operei esse guincho enquanto o Vinicius instruia o Djalma na ControlVan (Conteiner onde reside os controles para pilotar o ROV), "pagava" cabo, termo utilizado para designar a liberação de cabo para o ROV deixando-o mais livre e com isso permitindo-o afundar mais. Na lãmina d'água em que operavamos, cerca de 1176 metros, o veículo demorava cerca de 1 hora para chegar ao local de perfuração.
Pra mim foi uma experiência incrivel, pois como disse antes nunca tinha trabalhado em uma situação em que comandasse equipamentos desse porte, o ROV era o modelo DIABLO 5, que para quem não conhece ele pode ser comparado a um fusca pois é antigo porém resistente e confiável como nenhum outro, pelo menos é o que eu pude notar.

Não tinha a pretensão de pilotar o ROV tão cêdo, afinal era o meu primeiro embarque e meu primeiro contato com os ROV's, para a minha surpresa o supervisor Djalma que já é avô e possui com coração de garoto me deixou pilotar mesmo eu me mostrando inseguro, ele posicionou o veículo distante cerca de 15 metros da coluna de perfuração e passou o comando pra mim, o controle, um joystick de 5 cm de comprimento, pequeno para um joystick convencional, possui 4 posições e seu eixo pode ser rotacionado para manter o HEAD (posição angular). Quando conversei com amigos que iria pilotar ROV, alguns mencionar am que seria fácil, algo parecido como jogar videogame, quem dera... Um videogame não comanda um veículo de 2 toneladas e nem é de longe é tão arriscado, as possibilidades de se abarroar uma coluna de perfuração é real, se isso acontecesse seria necessário parar a operação diária do navio-sonda que como fiquei sabendo era estimada em algumas centenas de milhares de dolares.
Irei colocar aqui um vídeo das manobras básicas que poder ser realizadas em um ROV, na verdade o video retrata um mecanismo de posicionamento automatico que proporciona um modo estacionário para o veiculo, isso facilita muito as manobras quando é necessário manter um veículo parado por um longo tempo, sem ele é necessário ficar com a mão no joystick de controle compensando os movimentos da correnteza.

Esse embarque foi de muita sorte para mim pois pude acompanhar quase todo o processo de pefuração de um poço de petróleo em águas profundas, na área de perfuração conhecida como MUTUM, perguntei se poderia copiar trechos dos filmes que fizemos durante as operações e me foi dito que como se tratava de um trabalho real e não um teste de mergulho eu não poderia fazer nenhuma cópia pois se tratava de material da Petrobras. Por isso resolvi colocar um vídeo publicado no YOUTUBE que retrata esse tipo de operação, claro assim que encontrar um :)'

7 comentários:

  1. bom dia! eu estava lendo o seu blog aqui e gostei muito, eu sou eletrotécnico e estou fazendo um curso de ROV gostaria de saber de vc como esta o mercado de trabalho nesta área pois eu estou tentando entrar. e eu não tenho experiência nenhuma nesta área de off-shore meu email é lalvesalmeida@msn com se vc puder me passar umas dicas eu agradeceria muito

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  2. Saudações!! por favor me informe,se é fácil o acesso ao 1º emprego como piloto ROV? estou na iminência de realizar o curso.
    Grato,
    claudio
    e-mail jcfaraujo@ig.com.br

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  3. Cara muito maneiro o seu diário!!!
    Tb estou muito interessado em conhecer mais sobre o assunto e quem sabe entrar nesse mundo!
    Prabéns pela postagem!!!
    Abçs

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  4. Gostaria de saber mas sobre esse curso principalmente quero saber se rem o sexo feminino nesta area,quanto que é a remuneração se demora para entrar no mercado de trabalho.meu email.debby_pratinha@hotmail.com e me indique a onde tem esse curso em macaé-rj
    Parabéns pela matéria,abraços

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  5. Gostei muito do seu diário.Tb sou formado em Computação mas fiz faculdade muito novo, foi fazendo o curso técnico em mecatônica que me identifiquei profissionalmente.Hoje estou terminando meu estágio na Acergy(agora SUBSEA 7).

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  6. amo de mais esse mundo sujo e pagajoso, adoro as máquinas enormes, ve-las funcionando dá um gás no coração(incrível!) estou me preparando pra começar a fezer o curso de eletromecanica, e posteriormente de operador de rov. a minha dúvida e ezatamente da colega lá de cima, pois também sou mulher, e gostaria de saber com sinceridade como é o mercado de operadores mulheres, se tem pouco profissional por conta de pouco interesse de mulheres na profissão, se o fato de ser mulher é indiferente, ou um dificultante, um abraço, meu email é nikpapion@hotmail.com

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  7. Anik, achei interessante sua observação quanto ao mundo "sujo e pegajoso" é verdade, você se suja, você se molha , para a maioria das pessoas que trabalham na área operacioal offshore convivem com isso diariamente.

    Eu pessoalmente trabalhei por muitos anos de terno e gravata na área de T.I e não me sentia feliz pois só trabalhava com software, ao entrar no mundo de ROV eu trabalho com eletrônica, mecânica, hidráulica, software, pilotagem e outras coisas que vão aparecendo.

    A dica que te dou é se formar numa escola técnica em eletrônica de preferencia ou mecânica ou mecatronica, entrar em sites como subsea 7 , fugro, dof, oceaneering e se inscrever
    em seleções que estas empresas realizam periodicamente.

    Eu trbalho na DOF Subsea no navio Skandi Santos, e tenho contato constante com mulher lá, são diversas profissionais, como DP (dinamic position), survey, nutricionista, oficiais de máquina , operador de rádio, imediato e etc, já trabalhei com 2 mulheres que são piloto de ROV.

    Não é todo mundo que conhece a área de ROV, pois é pouco divulgado, o que posso te dizer sobre a disposição fisica necessária em trabalhar com ROV e que se uma mulher tem disposição em malhar por 2 horas numa academia de musculação (o que ainda não tenho) ela tem condições de sobra para suportar o trabalho com ROV, lembrando que o esforço necessário (força fisica) é eventual e não cotidiano.

    Meu e-mail é geraldo.cartolano@gmail.com

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